Olhando para nós...
Quando recebemos um conselho, uma orientação, ou uma advertência é gesto comum balançarmos a cabeça indicando que entendemos, que absorvemos o que nos está sendo passado. Mas até que ponto, de fato, deixamos a “mensagem” nos penetrar?
Se olharmos para trás (na verdade, desde que existe “mundo”) veremos inúmeros exemplos de homens e mulheres que patinaram, patinaram e não chegarem muito além de onde começaram. Por quê?
Porque não estavam verdadeiramente dispostos a encarar o ônus inicial, até que este se transformasse em bônus. Vou detalhar usando passagens bíblicas (poderia usar outras, mas quero me ater a elas):
Adão e Eva, de uma forma geral, foram criados à imagem e semelhança de DEUS. Contudo, a ansiedade para que viessem a deter todo o conhecimento DELE, os fez tropeçar em si mesmos. A ansiedade os fez, em vez de chegar ao pleno conhecimento DELE, a se afastar ainda mais ao ponto de serem expulsos, de se tornarem indignos de habitar o jardim criado para eles. Indignos daquilo que ELE havia lhes preparado. Neste caso, o ônus seria ter de cuidar do jardim e de todas as criaturas, preocupando-se em se multiplicarem e os verem multiplicar. Talvez parecesse monótono de início, mas aos poucos eles viriam a obter maior conhecimento, diferentes habilidades, novas responsabilidade, tudo ao tempo DELE. Mas, não quiseram e ficaram patinando, patinando...
Próximo exemplo: os israelitas do êxodo. Sim, eles eram escravos dos egípcios e foram conduzidos por Moisés à libertação. E não só à libertação, mas a uma terra próspera que ficava do outro lado do deserto, a Terra de Canaã. Para que chegassem lá, eles deveriam se atentar a leis e conselhos no intuito de se salvaguardarem de tudo que os poderia impedir de chegarem lá. Mas, ao menor sinal de cansaço, eles se queixavam, murmuravam, diziam não ser possível, negavam a DEUS e ao seu enviado. Na hora em que Moisés os exortava, eles balançavam a cabeça e diziam: “Assim faremos!”, mas viravam às costas e já voltavam ao mesmo estado de antes: o de inquietação, o de incredulidade. Neste caso, o ônus era ter de atravessar o deserto a pé, se manterem unidos qual povo e não dividirem a atenção com outros deuses. E o bônus final (digo final, pois eles já usufruíam de diversas bênçãos no trajeto) seria chegar à Terra Prometida e se firmarem qual povo, deixando para trás suas características nômades ou escravistas. Ter o que lhes seria completo. Mas, só balançavam a cabeça... não conseguiam nem olhar para o futuro promissor e muito menos para dentro de si mesmos, para gerar a mudança necessária para que alcançassem o Algo Maior. Assim, ninguém daqueles que saíram do Egito, com exceção de Josué e Calebe, entraram na Terra Prometida.
Vamos para mais um exemplo? Pois bem, falemos de Saul, o primeiro rei de Israel. Um reinado promissor. A expansão do seu reinado vinha sendo significativa, mas ele queria mais. Carregava consigo a promessa dada por DEUS de que sairia vitorioso em todas as batalhas que viesse a travar. Para isso, DEUS estabeleceu um sacerdote para que o conduzisse espiritualmente em todas as suas empreitadas. Contudo, em certo momento, esperando o sacerdote para que fizesse o sacrifício que antecederia uma batalha (em outras palavras, receber a “benção”), vendo que o sacerdote estava demorando, Saul pegou a oferta e adiantando-se ao sacerdote na ritualística, sacerdote esse, que chegou em seguida. O resultado? Não só perdeu a batalha, como teve de receber a terrível notícia de que seria destituído do cargo... Não conseguindo enxergar todo o “processo” para que alcançasse tudo o que foi prometido, e não enxergando a si mesmo nos pontos em que deveria melhorar (neste caso, a ansiedade e a falta da plena confiança), ele perdeu seu presente e seu futuro...
Vou dar um “salto” agora e ir para os tempos de Jesus. Citarei aqui o que para alguns teólogos trata-se de uma parábola, mas independente de ter sido uma parábola ou fato real, nos serve de grande reflexão.
Diz o relato que havia alguns apóstolos de Jesus Cristo no barco em alto mar. Ao verem Jesus se aproximar, andando pelas águas, Pedro, em sua inquietude, pediu para que ele pudesse ir até o Mestre. Assim se deu. Entretanto, ao caminhar, começou a afundar... Exatamente: ele não estava plenamente maduro para alcançar tais feitos. Ao lermos um pouco de seu histórico, vemos que Pedro “demorou” para entender a verdadeira mensagem de Jesus. Provavelmente, enquanto Jesus falava, ele balançava a cabeça dizendo: “Entendi, assim vou fazer!”, mas estava tão envolto de “suas” curiosidades e anseios, que no fundo, não estava dando a mínima. Por vezes ele falhou. É... ele afundou. Para conseguir alcançar o que lhe foi prometido, que entre outras coisas estava o de realizar obras maiores que as de Jesus, ele precisava encarar o “ônus” de acompanhar Jesus em todos os seus passos, de ouvir repetidamente as palavras do Mestre, de sofrer junto nas perseguições, de abrir mão de uma série de regalias e companhias a que estava acostumado, e principalmente, deixar penetrar verdadeiramente as palavras de Jesus. Mas, não. Ele preferiu tomar outro caminho até se encontrar e entender tudo de forma plena. E esse processo de entendimento foi doloroso.
E nós: estamos nos vendo, enxergando profundamente nosso interior e vendo em que devemos nos aperfeiçoar? Olhamos com olhos espirituais o nosso íntimo e nosso futuro? Se a resposta for “não”, é hora de acordar. Se deixou de ler cada linha, cada palavra deste texto, passando apenas os olhos, não é um bom sinal: é sinal de que está se preocupando apenas com o futuro, mas não se atenta a como chegará nele: não se atenta às instruções, aos conselhos, às advertências. Porém, mude! Ademais, se a leu na íntegra e esquadrinhou a si mesmo, observando sua aplicação, prepara-te, pois mostra-te digno do melhor que ELE tem para te dar!
Que o GRANDE EU SOU seja contigo e em ti, hoje e em todos os teus dias!
Yedidyah