A pandemia do sec. XXI - Análise e Reflexões

A pandemia do sec. XXI - Análise e Reflexões
mar/2020

Nesses últimos dias fomos surpreendidos pelo avanço de um novo vírus, o SARS-COV-2 causador da Covid-19 e que gerou uma mobilização mundial sem precedentes.
Em meio a um cenário de pânico por parte de alguns e descrença por parte outros, discussões de ordem filosófica, econômica e de saúde pública tomaram os palcos, gerando visões, na sua maioria, divergentes e ocasionando polarizações em todo o mundo.

Mas, o momento não é de divisão. É de união. Não é de guerra. Deve ser de Paz. Por isso, trago aqui um olhar Espiritual e sereno sobre o assunto que poderá servir de base para reflexões e outros desdobramentos, preferencialmente, sempre conduzidos pelo mais próximo da sabedoria Divina.


- Por que se tem estimulado, em todo o mundo, o isolamento social?

Porque se trata de um vírus de origem desconhecida (ainda que se assemelhe aos encontrados em morcegos e pangolins) e não temos ainda um método preventivo (vacina) e/ou um tratamento alopático eficaz e comprovado para a Covid-19. Somado a isso, vemos um ritmo muito alto de contágio e uma letalidade significativa no público idoso e entre os cardiopatas, hipertensos e diabéticos. Importante: alta letalidade entre os idosos, não significa imunidade dos mais jovens. Significa que os mais jovens têm mais condições de combater a doença, mas não menores chances de adquiri-la.
De todos os modos, diante dos pontos acima, a primeira preocupação é o quão preparados estão os sistemas de saúde no mundo. A chance de isso gerar um colapso no setor, com uma taxa de ocupação de leitos próxima ou de 100% é muito alta. Isso significa também, “ocupar o espaço” para o tratamento de outras patologias simples ou complexas, mas que estejam, por assim dizer, controladas. Por exemplo, a Covid-19 passa a concorrer com doenças do trato respiratório ocasionados por diversos tipos de Influenza (que podemos dizer, possuem método preventivo e alopático conhecidos) e que todos anos contagiam entre 3-5 milhões de pessoas, gerando entre 250-500 mil mortes no mundo. Isso, só para citar um exemplo.
Mas, então o isolamento vertical é uma solução? Isolando, portanto, o público com mais propensão à letalidade, com isso reduzimos a possibilidade de colapso? Em teoria é uma solução interessante. Mas, como o fazer adequadamente e com total assertividade? Que país está preparado para oferecer isso? Vemos, na resposta a essas perguntas, a inviabilidade dessa ação. Principalmente em sociedades cujo convívio entre as diferentes faixas etárias é hegemônico, assim como o é entre diabéticos, cardiopatas e hipertensos.
Logo, o isolamento horizontal, com o objetivo de reduzir ou achatar o pico de contágio é o mais prático e fundamental para esse momento. Isso, sem contar com todas as outras ações profiláticas, como a higienização de mãos, cuidados ao tossir, espirrar ou cumprimentar, entre outros.


- A preocupação econômica é procedente? Justificável?

Sim. Afinal, estamos falando de um sem número de estabelecimentos comerciais fechados, profissionais autônomos parados, desaceleração dos negócios entre empresas e tantas outras consequências, culminando com uma retração econômica significativa.
No entanto, em geral esquecem que essa “retração” é calculada. O que quero dizer com isso? Hoje sabemos que o isolamento social entre 01 e 02 meses é suficiente para achatar a curva de contágio, tornando o avanço da pandemia mais controlado e, portanto, reduzindo qualquer possibilidade de colapso no sistema de saúde e seus desdobramentos.
O não-isolamento significará um aumento de casos de contágio e de Covid-19 sem controle – que vale salientar, não possui vacinação ou tratamento alopático efetivo ou comprovado. Significará também a ausência de projeção real ou estimada de crescimento (que sabemos ser exponencial). Portanto, traria consequências desconhecidas e desastrosas. Desconhecidas não, pois já tivemos exemplos em nosso passado não muito distante (veja sobre gripe espanhola, gripe asiática, gripe de Hong Kong, AIDS e outras), mas com consequências que fogem de previsões acertadas. Logo, o caos poderá ocupar protagonismo no cenário econômico, gerando um período de retração ainda maior do já projetado e com consequências não calculadas. E a falta de controle é amedrontador.


- Mas, há tantas outras doenças que matam milhares ou milhões (o próprio sarampo, por exemplo, que começou a retornar), isso sem contar as tantas outras que morrem todos os anos de fome, de acidentes, etc. E por que isso não faz o sistema parar?

Porque todas essas causas de mortes do mundo são, em quase sua absoluta maioria, conhecidas. Ou seja, possuem medidas preventivas ou remediativas. Estão inseridas nos cálculos de capacidade de atendimento médico-hospitalar. São, portanto, controláveis.


- Então, se mortes são calculadas assim friamente para a estruturação de sistemas ou organismos como o da Saúde de cada país, porque não calcular até onde as mortes pela Covid-19 seriam “aceitáveis” para então determinar o retorno das atividades comerciais de cada país e, portanto, retomar a economia?

Pode soar estranho, mas certamente isso está sendo feito não só por executivos de diferentes setores, mas principalmente por líderes governamentais. Essa talvez seja uma das tarefas mais difíceis, mas sim, ocorre o tal de “matar milhares” para “salvar milhões”. Se escrever isso é extremamente incômodo, imagino ler e refletir a respeito. Mas, é necessário.
Vamos começar por um exemplo menor e menos impactante: quantos já não demitiram funcionários? Talvez o funcionário era a única fonte de renda em seu lar, que poderia ter entre seus dependentes pessoas com algum problema de saúde e esse salário lhe fará muita, muita falta. Mas, você sabe que precisa demitir por uma baixa performance dele. Então, se imbui de argumentos para amenizar essa “dor de consciência”. Por exemplo, poderá pensar: “ele não está fazendo por onde”, “se ele precisasse, faria diferente”, “manter ele vai prejudicar a empresa ou o negócio e isso vai impactar ainda outras famílias inclusive a minha”... e faz a demissão.
Essa linha de raciocínio é muito próxima ou paralela a quando se envolve vidas.
O ponto que mais causa estranhamento e repúdio é a forma como isso é tratado e o quão próximo está das ações a serem tomadas e seus resultados.
Que tal irmos a um exercício prático?
Imagine-se numa central de controle de trens e é comunicado pelo maquinista que ele está avistando um carro com 05 ocupantes e que não terá tempo e condições suficientes de parar o trem sem colidir com o carro. Logo, matará os 05 ocupantes. Por outro lado, você é informado que há uma bifurcação logo adiante que poderá ser acionada por você, fazendo o trem desviar para a outra linha. Porém, nessa linha tem uma pessoa com seu pé enroscado nos trilhos e não conseguiria se soltar há tempo. Morreria. A decisão está em suas mãos. Muito provavelmente, você decidiria por salvar os 05 ocupantes, matando somente 01. Temos aí um raciocínio lógico, matemático, frio e que poderia corresponder à decisão mais acertada.
Agora, imagine em situação similar ao do trem e do carro com os 05 ocupantes parado no trilho, mas ao invés de você estar na central de controle, está ao lado do trilho e sabe que para auxiliar o maquinista na tentativa de frear o trem e não atingir o carro com 05 ocupantes, você terá de jogar nos trilhos uma pessoa que está passando ao seu lado. Você conseguiria fazer isso? O cálculo é o mesmo: salvar 05 em troca de 01. Mas, você está muito envolvido com a situação. A decisão não é só lógica. É emocional.
Por último, imagine, que essa pessoa seja seu pai, sua mãe ou seu filho. Pronto, agora a decisão ultrapassa o emocional, é visceral e será absurdamente difícil tomar em prol dos 05 ocupantes.
Percebe? Esse exercício filosófico dá uma dimensão do que líderes governamentais têm discutido e pensado, principalmente sob análise dos efeitos econômicos. E, portanto, não estamos em condições de coloca-los sub judice.

Isso, inclusive, leva-nos a outras reflexões.
Todos sabemos, por exemplo, que o tabagismo ou o alcoolismo são extremamente prejudiciais à saúde, correto? Estudos não faltam para comprovar isso. Então, porque os governos não proíbem sua comercialização ou ainda, numa medida intermediária, não aumenta vezes mais a tributação de tais produtos? Talvez, responda: porque essa indústria já paga muito aos governos, tem acordos desconhecidos e também gera muito emprego. Em parte, isso é verdade e compõe o raciocínio do não se fazer isso. Por outro lado, se menos pessoas consumirem tais produtos, serão mais saudáveis, correto? Corretíssimo. Se terão mais saúde, viverão mais, não é mesmo? Sim! E aí está um problema para todos os cálculos de todos os países nesse sentido: se a população idosa já está em crescimento (chegará a um quinto da população em 2050) e ela poderá então viver ainda mais por seus hábitos saudáveis, logo, haverá um colapso no sistema previdenciário. E os desdobramentos disso seriam incalculáveis. As linhas são muito tênues.

Agora vamos para outros casos. Voltando-nos para Escritos Inspirados:

Utilizemos, por exemplo, um caso muito conhecido no mundo ocidental, com ênfase aos cristãos e judeus: o do Rei Davi. Em toda sua trajetória encontrada nos Livros Inspirados, a ele são atribuídos dois grandes pecados: deitar-se com uma mulher casada (Betseba, que veio a ser mãe do Rei Salomão) e colocar seu marido, Urias, na frente da batalha para que fosse facilmente ferido e viesse a morrer. Por esse último, ele foi condenado por DEUS por homicídio. Mas, espere um pouco: de todas as formas não teriam vários soldados mortos em batalha? Por que ele então foi culpado por homicídio? Por causa da intenção por detrás, que era de ficar com sua esposa, Betseba. As mortes dos soldados em frente de batalha era algo “natural”, faziam parte da rotina de guerra. Colocar propositalmente um homem na frente da batalha, com objetivos escusos, isso sim lhe computou culpa.
Por outro lado, ainda seguindo os escritos inspirados dos cristãos e judeus, vemos ações Divinas como a extinção por fogo de Sodoma e Gomorra, ou por água, no Dilúvio, em prol de um “bem maior” para que algo impuro ou “abominável” não se alastrasse pelo mundo, afetando toda a humanidade. Esse parágrafo em si, pode parecer ambíguo, dando condições para usa-lo para as duas grandes teses de enfrentamento da crise: o isolamento social e o não-isolamento. Mas, certamente, se leu com atenção e cuidado todo o texto, tirará suas conclusões mais sábias.

Que DEUS seja contigo e ainda mais em ti, abraçando-te ternamente e que ELE cure as nações!

Yedidyah
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